Resumo
O Congresso Nacional aprovou mudanças estruturais que alteram diretamente o cenário tributário brasileiro: a ampliação da isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5.000 e a criação de uma alíquota de 10% sobre dividendos distribuídos acima de R$ 50.000 mensais.
Essas medidas, embora aparentemente desconectadas, fazem parte de uma reestruturação mais ampla da política fiscal e afetam o planejamento financeiro e societário de todas as empresas.
Este artigo explica os impactos práticos dessas novas regras, como se proteger de perdas desnecessárias e quais ajustes estratégicos empresários devem implementar antes de 2026.
Introdução
O Brasil entrou em uma nova fase de reconfiguração tributária.
A cada ciclo político, as medidas aprovadas no Congresso buscam equilibrar as contas públicas — mas, inevitavelmente, quem paga a conta é o empreendedor.
Nesta semana, duas decisões se destacaram:
- A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000;
- A tributação de 10% sobre dividendos distribuídos acima de R$ 50.000 por mês.
Enquanto a primeira traz alívio para o trabalhador e pode impulsionar o consumo interno, a segunda exige ajuste imediato na estratégia de remuneração dos sócios.
Empresários que não revisarem seus fluxos de retirada, pró-labore e benefícios corporativos correm o risco de ver sua rentabilidade despencar já no primeiro trimestre de 2026.
1. A Nova Isenção do Imposto de Renda: mais consumo, menos margem fiscal
Até o momento, a faixa de isenção do Imposto de Renda era limitada a R$ 2.824.
Com a nova regra aprovada, todos os trabalhadores com salário até R$ 5.000 mensais passam a ficar isentos da tributação.
Além disso, foi criada uma faixa de desconto parcial decrescente para rendas entre R$ 5.000 e R$ 7.350 — uma espécie de transição suave, com abatimentos de até 75% na primeira faixa e 25% na última.
Em termos práticos, o governo busca aumentar o poder de compra das famílias e estimular a economia pelo consumo.
Mas, do ponto de vista fiscal, isso significa renúncia de arrecadação, que precisará ser compensada de outro lado — e esse “outro lado” recai sobre quem distribui lucros.
Para o empresário, o efeito imediato dessa medida é duplo:
- Positivo: maior poder de compra dos funcionários, o que pode aliviar pressões por reajustes salariais e melhorar o clima organizacional;
- Negativo: o custo fiscal das renúncias será compensado pela nova tributação de dividendos, pressionando margens líquidas e aumentando o custo do capital próprio.
Em outras palavras: o consumo se aquece, mas o caixa do empresário encolhe.
2. Tributação de Dividendos: o fim de uma era no planejamento societário
Depois de décadas de isenção, os dividendos voltam a ser tributados.
A partir de 2026, lucros distribuídos acima de R$ 50.000 por mês — seja para pessoas físicas ou jurídicas — terão retenção automática de 10% na fonte.
Isso significa que, a cada R$ 100.000 retirados em dividendos, R$ 10.000 irão diretamente para o fisco.
E, como a retenção é na fonte, não há espaço para postergação ou deduções.
Essa mudança altera a lógica clássica do planejamento empresarial brasileiro, baseada em:
- Pró-labore mínimo para reduzir encargos previdenciários;
- Distribuição máxima de lucros para aproveitar a isenção tributária.
Esse modelo perde eficiência e pode até gerar ineficiência fiscal e descasamento de fluxo de caixa, caso o empresário não antecipe ajustes.
O cenário exige uma revisão profunda da governança financeira e do desenho de remuneração societária.
3. Estratégias inteligentes para proteger seu patrimônio
A boa notícia é que há caminhos para neutralizar o impacto e preservar previsibilidade financeira.
As medidas abaixo são consideradas “boas práticas” em tempos de reconfiguração tributária.
3.1. Recalibrar o pró-labore com inteligência previdenciária
O pró-labore deve deixar de ser visto como “custo” e passar a ser entendido como investimento em proteção patrimonial.
Ele é o instrumento que garante direitos previdenciários robustos e pode reduzir o peso dos dividendos tributados.
Recomenda-se ajustar o pró-labore para o teto de contribuição do INSS (cerca de R$ 8.100), o que proporciona:
- Acesso a benefícios de aposentadoria e afastamento com valor mais alto;
- Base contributiva sólida para o futuro;
- Redução da dependência da distribuição de lucros isenta.
Com isso, parte do ganho é formalizada dentro da folha, mantendo compliance trabalhista e fiscal, e evitando riscos de autuação.
3.2. Reestruturar benefícios corporativos para a diretoria
Um erro comum é o empresário esquecer que também é colaborador estratégico e pode usufruir de políticas corporativas.
Em vez de ampliar dividendos e arcar com 10% de imposto, transfira legalmente parte das despesas pessoais para dentro da estrutura da empresa.
Exemplos de ajustes legítimos:
- Extensão de vale-refeição e alimentação para sócios e diretores;
- Planos de saúde e odontológico corporativos, com cobertura executiva;
- Seguros de vida empresariais;
- Auxílios-educação, mobilidade e previdência corporativa.
Esses custos passam a ser despesas dedutíveis da pessoa jurídica, reduzindo o lucro tributável e, consequentemente, o volume de dividendos distribuídos — um duplo ganho fiscal.
3.3. Simular cenários e projetar fluxos de distribuição
A tomada de decisão precisa ser orientada por inteligência de negócios e dados contábeis reais.
Antes de definir o novo modelo de remuneração, é essencial:
- Simular diferentes combinações de pró-labore e dividendos;
- Avaliar impactos sobre fluxo de caixa, carga tributária e distribuição líquida;
- Modelar o orçamento anual com base no novo regime.
Na Uphold Contabilidade, isso é feito com projeções de cenários tributários e financeiros, permitindo que o empresário visualize o impacto de cada decisão com clareza.
A regra é simples: quem mede, controla. Quem não mede, paga caro.
4. O novo perfil da fiscalização: dados, cruzamentos e transparência total
Com a digitalização do fisco e a integração de dados bancários, fiscais e societários, a era da informalidade acabou.
A Receita Federal utiliza cada vez mais inteligência artificial e cruzamento eletrônico para identificar inconsistências entre:
- Declarações de IRPF e IRPJ;
- Retiradas de sócios e fluxos bancários;
- Distribuições de lucros e registros contábeis.
Isso significa que qualquer tentativa de mascarar remuneração como despesa pode resultar em autuações, multas e até desclassificação de regimes tributários.
A orientação é clara: planejar, sim; improvisar, jamais.
Fechamento
A ampliação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000 representa um movimento populista e necessário para sustentar o consumo interno.
Mas, ao mesmo tempo, a tributação de dividendos é uma mensagem inequívoca: o governo busca recompor receita sobre o capital produtivo.
O empresário moderno — aquele que sobrevive a longo prazo — não reage por impulso.
Ele antecipar-se, projeta e se adapta com base em dados e em consultoria contábil estratégica.
Em 2026, não haverá espaço para amadores.
Quem ajustar pró-labore, benefícios e estrutura de lucros ainda neste ano, garantirá previsibilidade financeira e proteção patrimonial.
Quem adiar, pagará o preço da inércia.
Na Uphold Contabilidade, já estamos simulando cenários sob o novo modelo tributário, ajudando empresários a redesenhar sua política de remuneração com base em conformidade, dados e segurança jurídica.
👉 Fale hoje mesmo com um consultor Uphold e entenda como reduzir o impacto da tributação de dividendos e preservar seu patrimônio empresarial.